UM E-Theses Collection (澳門大學電子學位論文庫)
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Fraseologias em português e chinês : uma abordagem contrastiva
- English Abstract
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INTRODUÇÃO 1. O presente estudo foi suscitado pelo facto de, nos últimos anos (1992- 97), termos estado a trabalhar como docente de Português, com duas turmas de aprendentes chineses do Curso de Tradução e Interpretação (Português-Chinês), na Universidade de Macau. A prática pedagógica e didáctica aí levada a cabo, principalmente nos últimos anos, com finalistas do referido curso, tornou evidente que na situação de ensino do Português como Língua Estrangeira a futuros tradutores-intérpretes, era primordial, entre outras competências necessárias a este tipo de aprendentes, encontrar e desenvolver meios para os ajudar a aprofundar o estudo e alargamento do vocabulário a todos os níveis e em várias áreas temáticas. Surgiu um domínio, no entanto o da retórica, da linguagem figurada, da metáfora e das expressões idiomáticas - que se foi progressivamente destacando como estimulante, mas problemático. Verificou-se que, em relação a este campo, os aprendentes manifestavam um elevado número de dúvidas ao nível da interpretação semântica e cultural, bem como, uma persistente resistência na compreensão de um discurso oral, ou de uma simples conversa, indo até à manifestação, por vezes, da incompreensão total de um parágrafo ou de um texto em geral, se não houvesse previamente um entendimento do significado de um determinado fragmento lexical, o qual estava frequentemente ligado ao referido domínio, e, em particular, às expressões idiomáticas ou fraseologias. Este grupo de aprendentes (finalistas, adultos, com dezasseis horas de Português por semana, incluindo laboratório), futuros tradutores-intérpretes Portanto num nível de aprendizagem superior ao nível limiar de comunicação, e tendo como perspectiva continuar a trabalhar profissionalmente com a língua portuguesa, integrados nos vários Serviços da Administração de Macau, apercebeu-se também de que o seu futuro estatuto de "jurubaças" 2 do final do século XX e inícios do século XXI urgia que ampliassem e aprofundassem bastante o seu domínio da língua portuguesa na área lexical e cultural. Tornaram- se, assim, nuns excelentes colaboradores, tendo aderido muito bem às nossas propostas de estudo e de pesquisa, na área das fraseologias. 2. Na verdade, foi perante a grande disponibilidade e empenho dos aprendentes que começámos, em conjunto, a verificar que os escassos materiais e manuais de ensino apenas afloravam as questões que iam surgindo. Em primeiro lugar, porque se atribuia pouca relevância em geral à idiomaticidade, se exceptuarmos alguns exercícios que apareciam dispersos nos materiais para um nível mais avançado de ensino do Português como Língua Estrangeira. Em segundo lugar, porque a idiomaticidade começou a ganhar maior preponderância e a apresentar maior frequência à medida que se ampliava o estudo e também o âmbito das áreas temáticas. Estes dados permitiram que todos começássemos a verificar, já a outra luz mais consistente, que a idi0maticidade impregnava, com uma frequência muito elevada, praticamente quase todo o tecido do discurso linguístico. Em terceiro lugar, os aprendentes, como futuros tradutores, começaram a ser confrontados com a necessidade de identificar, pesquisar e solucionar Adestões relacionadas com a eventualidade de correspondências idiomáticas na E, Por último, no nosso ponto de vista, a área da procura de vocabulário e sua língua materna da investigação e Inálise da existência de correspondências entre duas línguas não implica necessariamente a condição de partilha da mesma língua materna entre docente e aprendentes. Assim, a via por que optámos foi a de estimular a pesquisa, por parte dos aprendentes, muitas vezes como trabalho de casa, no sentido acima indicado, acompanhando sempre as actividades com três pedidos: transcrição por escrito em pinyin (= sistema de romanização dos caracteres chineses), tradução literal e correspondência semântica ou paráfrase em português. Deste modo, se deu início à elaboração de um corpus, que foi sendo posteriormente ampliado e reformulado conforme as necessidades e que serviu de base para o estudo que agora apresentamos. (Vide pp.114-126, num total de 305 entradas). 3. Por outro lado, como a língua de uma sociedade é parte integrante da sua cultura, as fraseologias, como componente lexical de uma língua, tendem também a reflectir as experiências, assim como as características culturalmente importantes, quer de entidades, instituições ou actividades, quer da mundividência dessa mesma sociedade na qual a língua funciona e processa as suas distinções a nível do léxico. A utilização de fraseologias aumenta a expressividade e a dinâmica do discurso e da comunicação, estimula a partilha do saber culturalmente implícito nas relações sociais, amplia o poder argumentativo e o sentimento de conivência entre os falantes, aproximando-os e envolvendo-os numa visível cumplicidade. Se estes factores têm importância no contexto intracultural de uma sociedade, a nível de um contexto intercultural eles assumem igualmente uma relevância incontornável. Como realçaram Grosso e Wang: "O ensino/aprendizagem do português a falantes cuja língua materna é o Chinês é uma experiência única no universo da comunicação, pois ensinante e aprendente são confrontados não só um com o outro, mas também consigo próprios, com a tomada de consciência das representações simbólicas do seu próprio universo." Num contexto multicultural como o de Macau e tendo os aprendentes como objectivo a profissionalização como tradutores-intérpretes (português- chinês), o desenvolvimento das capacidades lexicais, e neste caso, o domínio da competência linguística ao nível das fraseologias, em particular pelos traços culturais nelas incorporados, é um factor de enorme importância na compreensão e expressão escrita e oral, isto é, na comunicação entre falantes detentores de diferentes mundividências. 4. Na primeira parte do trabalho começamos por fazer a apresentação do quadro geral que orientou a nossa pesquisa, o da Análise Contrastiva, procurando, em seguida, mostrar como o estudo das fraseologias, quer no domínio do ensino do Português como Língua Estrangeira, quer na área da tradução, se pode inserir no âmbito da subárea da Análise Contrastiva, a Lexicologia Contrastiva. Em seguida, na segunda parte, propomo-nos fazer uma análise das fraseologias em português e chinês, de acordo com a perspectiva da lexicologia contrastiva, tão detalhada quanto nos for possível, a fim de verificar em que medida as semelhanças e diferenças entre as duas línguas se manifestam, tendo como elementos de base os critérios de polilexicalidade, frequência, reproduzibilidade, lexicalização, idiomaticidade e estabilidade semântica e sintáctica relativa. Na terceira, e última parte, e de acordo com os resultados obtidos na análise precedente, referimos as suas incidências no ensino do Português como Língua Estrangeira e na área da tradução.
- Issue date
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1998.
- Author
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Rebelo, Luis Manuel Tecedeiro
- Faculty
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Faculty of Social Sciences and Humanities
- Department
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Department of Portuguese
- Degree
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M.A.
- Subject
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Portuguese language -- Phraseology
Chinese language -- Phraseology
Portuguese language -- Study and teaching -- Foreign speakers
Contrastive linguistics
Linguistic analysis (Linguistics)
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- 1/F Zone C
- Library URL
- 991000157829706306