school

UM E-Theses Collection (澳門大學電子學位論文庫)

Title

Interrogativas em portugues e em chines : descricao, confronto e aplicacao didactiva

English Abstract

INTRODUÇÃO Na aprendizagem de uma língua segunda, para além do conhecimento das regras internas do sistema linguístico respectivo, é necessário ter conhecimentos dos aspectos culturais em que essa língua se expressa, o que torna vantajoso que a situação de aprendizagem seja feita no ambiente linguístico da língua segunda; opostamente, quando o ambiente é o da língua materna, é normal que surjam dificuldades específicas, devido à ausência de referentes culturais. Estas dificuldades dilatam-se, quando as culturas em que se expressam a LI e a L2 são muito diferentesl. Se há sistemas linguísticos que divergem nesta torre de Babel em que vivemos, o chinês e o português, que é o que nos interessa confrontar, são disso um bom exemplo. Transpondo-nos para a aprendizagem destas línguas, são grandes as dificuldades a vencer, quando um português começa a aprender chinês ou inversamente um chinês se inicia na língua portuguesa. Esta situação torna-se extrema, e pensando já no presente trabalho, se o aprendente chinês estuda o português num meio sinófon02. Fruto de uma experiência que, na situação que acabámos de referir, já vai a caminho de doze anos (repartidos em iguais partes por Pequim e Macau), pensamos que existem estratégias do ensino do português-língua estrangeira que se tornam mais eficazes, quando dirigidas a um público chinês em meio sinófono, do que outras que se adequam mais a aprendentes da mesma família linguística, como é o caso da esmagadora maioria das línguas do mundo dito ocidental. Uma dessas estratégias passa pela aproximação das duas línguas, ou seja, por o que a priori parece algo de impensável encontrar pontos comuns servirmo-nos deles não só como uma técnica de eficácia do ensino da língua mas também como um meio para diminuir o fosso cultural entre as duas línguas, já que língua e cultura estão intimamente ligadas. Exposta a nossa crença, é óbvio que, se quisermos procurar uma metodologia do processo ensino-aprendizagem de uma língua estrangeira, que tenha em conta os hábitos e comportamentos linguísticos do aprendente, pois que essa é a base de aproximação dos dois sistemas, o recurso ao modelo de investigação da Análise Contrastiva é sem dúvida a melhor resposta aos nossos objectivos. Como para aproximar é preciso previamente comparar e para comparar é preciso primeiro descrever, não restam dúvidas que a Análise Contrastiva, onde duas línguas se descrevem e depois se confrontam, tirando conclusões, funcionará como um modelo de raciocínio fundamental de que nos serviremos ao longo deste trabalho. Partindo, por isso, de que a Análise Contrastiva, enquanto modelo de investigação de L2 que tem em conta a LI do aprendente, é a base teórica que melhor serve a metodologia de aprendizagem que é proposta no presente trabalho, achamos oportuno que ele deva ser iniciado com uma breve exposição sobre esse modelo de investigação da linguística aplicada. Nesse primeiro capítulo abordaremos as noções básicas que constituem o corpo teórico da Análise Contrastiva, tais como as noções de "interferência", "interlíngua" e "erros"; seguidamente falaremos da sua metodologia, exemplificando a utilizada por diversos especialistas e a que nós utilizamos no nosso trabalho, sem esquecer a proveniência dos exemplos frásicos nele incluídos, e destacando as condições sintácticas e semânticas a que devem obedecer as frases de duas línguas que se comparam; finalmente falaremos de uma das aplicações da Análise Contrastiva, a previsibilidade de "erros", e referiremos à laia de conclusão quais têm sido as críticas de que este modelo de investigação tem sido alvo. No segundo capítulo falaremos da "interrogatividade" não exclusivamente como séries de frases com uma sintaxe específica, mas enquadrando-as na situação concreta que resulta de serem produzidas por dois interlocutores que se questionam, podendo produzir perguntas, mas igualmente emitir pedidos, ordens ou sugestões, modalidades estas que se formalizam sempre através de frases interrogativas. Precedendo este enquadramento pragmático das frases interrogativas, daremos a primeira sistematização dos dois grandes grupos em que se enquadram as interrogativas em português e faremos referência à terminologia que iremos adoptar. Como em Análise Contrastiva a fase confrontativa deve ser precedida de uma fase descritiva, esta inicia-se no terceiro capítulo, onde se fará a descrição da frase interrogativa da língua que serve de suporte a este trabalho e que representa a língua segunda na situação de aprendizagem. Nesta descrição, de base sintáctica, para além da sistematização dos diversos tipos de interrogativas abordaremos o problema da ordem em que se dispõem os seus constituintes problema em si muito pertinente, que se reforça pelo facto de tal alteração, relati vamente às frases declarativas correspondentes, ser algo que é completament estranho na língua chinesa. A fase descritiva que precede a do confronto entre as línguas completa-se no quarto capítulo, quando descrevermos a frase interrogativa em chinês, que para este trabalho é a língua materna do aprendente. Procuraremos neste capítulo seguir a terminologia de que se faz uso na tradição das gramáticas ocidentais. Não nos iremos servir de nenhuma gramática específica da língua chinesa, optando antes por compilar e seleccionar as descrições que encontrámos em várias delas e recorrendo sempre aos exemplos nelas contidos ou indo-os buscar a dicionários. Neste capítulo procuraremos sempre ser o mais claro possível, tendo em mente que ele se destina a pessoas que não conhecem a língua chinesa. No quinto capítulo poremos em confronto as interrogativas do chinês e as interrogativas do português. Começaremos por evidenciar alguns aspectos pertinentes da sintaxe da frase do chinês, nomeadamente a sua tendência para a topicalização e a questão de se tratar ou não de uma língua SVO. Seguidamente evidenciaremos aquilo a que chamaremos "traços de interrogatividade" e que estarão na base das nossas comparações. Tratados estes pontos que tem que ver com uma metodologia com que iremos trabalhar, segue-se a fase confrontativa propriamente dita, onde a partir de um tipo de interrogativa do chinês iremos à procura do seu correspondente em português. Face ao par de interrogativas evidenciaremos o que elas têm de semelhante e de diferente. No final do capítulo organizaremos toda esta colecção de "semelhanças" e "diferenças" e face a este material tiraremos as nossas conclusões. O sexto e último capítulo vem no seguimento do anterior, pois terá por base as realizações do português que foram sujeitas a confronto com a frase chinesa. Desta lista evidenciaremos as que mais se aproximam das suas correspondentes do chinês e com este material iremos testá-lo através de um inquérito. Neste inquérito será facultado ao aluno chinês a escolha entre duas frases interrogativas correspondentes, em que uma delas terá os constituintes dispostos de uma forma idêntica aos da frase chinesa. Feito o inquérito tiraremos as nossas conclusões. Como todo o nosso trabalho será acompanhado de exemplos de frases em chinês, será necessário nesta introdução observar o seguinte no que se refere a estes mesmos exemplos: A. Quando falamos de chinês, estamos a falar do chinês mandarim, como facilmente se observará, quando o transcrevermos em escrita romanizada. B. Ao escrevermos em chinês usaremos os caracteres simplificados, seguindo a norma estabelecida na República Popular da China e utilizada por mais de 95% da população chinesa no mundo. C. Sotoposto ao chinês escreveremos a escrita romanizada, o pinyin, adoptado na R.P.C. desde 1958 e seguido, desde 1977, pela O.N.U. para a transcrição de nomes próprios. D. Ao escrevermos em pinyin não grafaremos os tons, pois tornar-se-ia redundante, em virtude da presença dos caracteres correspondentes. E. Aparecerão sempre duas traduções portuguesas: uma justalinear, que segue as características da língua chinesa, como, por exemplo, os verbos sempre no infinitivo, e outra submetida às regras do português.

Issue date

1998.

Author

Pissarra, Raul Andrade,

Faculty
Faculty of Arts and Humanities (former name: Faculty of Social Sciences and Humanities)
Department
Department of Portuguese
Degree

M.A.

Subject

Contrastive linguistics

Portuguese language -- Study and teaching -- Foreign speakers

Linguistic analysis (Linguistics)

Files In This Item

View the Table of Contents

Location
1/F Zone C
Library URL
991000157779706306