UM E-Theses Collection (澳門大學電子學位論文庫)
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A aprendizagem do portugues e o ingresso na funcao public, nas decadas de '80 e '90
- English Abstract
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INTRODUÇÃO «E talvez não fizesse nenhum mal ao colosso chinês consentir que uma presença lusíada, (...) , continuasse a dar-lhe notícias líricas do Ocidente.» Miguel Torga Macau 3, 1995 A presente dissertação tem como principal objectivo contribuir para que a língua e a cultura portuguesas persistam na memória das gerações futuras de Macau. Com o esforço de hoje, gerindo o presente, acreditamos que poderemos salvaguardar o futuro e a continuidade da presença portuguesa. O português continua a ser falado nos serviços oficiais, como preconiza a Declaração Conjunta, e em situações do quotidiano. Estamos certos que o diálogo entre as duas culturas, entre o Ocidente e o Oriente, vai continuar. Julgamos pertinente referir que, até aos fins do século passado, em Macau, a comunicação intercomunitária era essencialmente assegurada pelo "patois", sendo o português a língua do Governo e de uma elite social. (Cf. Carvalho, 1987). O chinês, cantonense, era a língua dos chineses, a maioria da população, proveniente da China, e em números sempre crescentes, em todo o tempo que nesse país ocorriam convulsões sociais. Diferentes pequenos grupos portugueses aqui tiveram os seus representantes, pelo que em Macau sempre se falaram variadas línguas tanto orientais como ocidentais. Mas recuando no tempo, veremos facilmente que, neste percurso de 450 anos, a língua portuguesa acompanhou os maus e os bons momentos do intercâmbio comercial e da expansão missionária tendo ficado desamparada quando, terminados um e outro, lhe faltou o alento para prosseguir, sendo submetida pelo chinês e mais tarde pelo inglês. Na época de esplendor de Macau, então ponto de passagem e de estadia entre a India e o Japão, o Português foi língua franca em toda esta zona geográfica. Hoje, a língua portuguesa é veículo de acesso a múltiplos espaços geográficos e políticos e a vastos interesses económicos de que Macau é já parte; tem ainda perspectivas altamente favoráveis de expansão e de consolidação, facto que é urgente consciencializar, valorizar e dar a conhecer para se compreender que o português é, por si mesmo, um património mundial útil, cujo conhecimento, além de gratificante, é rentável, em nossa opinião, encontrando-se dinamicamente voltado para o futuro. E a partir desta realidade, que sinteticamente aqui descrevemos, que iremos analisar o esforço realizado para estruturar e consolidar uma sociedade, capaz de compreender e defender como seu o legado cultura que deu a Macau uma identidade própria. A partir da presente dissertação procuramos fazer um levantamento de informações para dar resposta a questões relacionadas com o ensino/aprendizagem do português e ingresso na função pública, nas décadas de '80 e '90. O meu interesse por esta matéria surge, naturalmente, do facto de eu ter sido uma docente bilingue, nas referidas décadas, e ter participado e vivido intensamente todo 0 processo de implementação do ensino/aprendizagem do português, desde a criação, pela segunda vez, do Magistério Primário( Despacho N.0 24/82/ETC, de 31 de Julho), até à divulgação da língua e cultura por outras instituições públicas de Macau. Referenciamos que a Escola do Magistério Primário de Macau( Decreto N.0 46616, de 13 de Novembro), foi criada, pela l.a vez, em 1965, em conformidade com as disposições do Decreto-Lei N.0 44240, de 17 de Março de 1962. No presente ensaio, além das referências históricas e legislativas está, sem dúvida, impressa uma perspectiva afectiva de alguém que presenciou e viveu de forma intensa esta questão, tão problemática, da língua portuguesa e do seu ensino em Macau. estruturada em quatro capítulos A elaboração da presente dissertação implicou um levantamento de informação legislativa, uma troca de impressões sobre esta matéria com pessoas que determinaram a política do bilinguismo ou/e com muitos dos que a concretizaram, considerando-me incluída nestes últimos. No primeiro capítulo, abordamos os cursos ministrados e a docência, fazendo incidir a nossa abordagem na procura de metodologias para o ensino do português como língua estrangeira, e no grande impulso dado ao ensino nestas duas décadas. Ainda neste capítulo, destacamos algumas dificuldades sentidas no ensino/ aprendizagem do português. No segundo capítulo, centramo-nos na formação de Professores Bilingues e nas vantagens do bilinguismo no ensino/aprendizagem do Português, dando destaque à legislação (Decreto-Leis, Portarias, Leis, Protocolos, Propostas) sobre esta matéria. No terceiro capítulo, referimos 0 trabalho desenvolvido na difusão da língua por instituições oficiais a nível do ensino básico e secundário (CDLP, Escolas Luso-chinesas, Colégios e Escolas Particulares) e a nível do ensino superior (UM IPM, ESFSM), assim como por outras instituições públicas, vocacionadas para a preservação da língua e cultura portuguesas em Macau e no Oriente (FM, IPOR). NO quarto e último capítulo, procedemos a uma apresentação de alguns conceitos de bilinguismo e contextualizamo-los na realidade sócio-cultural de Macau. Simultaneamente, destacamos a legislação criada para incentivar o bilinguismo (Decretos-Leis, Despachos, Leis), assim como o quadro político e as estratégias de localização através do Programa de Estudos em Portugal (PEP) e acções de formação desenvolvidas em Macau.
- Issue date
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2002.
- Author
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Ho, Silvia Ribeiro Osorio
- Faculty
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Faculty of Social Sciences and Humanities
- Department
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Department of Portuguese
- Degree
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M.A.
- Subject
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Portuguese language -- Study and teaching -- Foreign speakers
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- Location
- 1/F Zone C
- Library URL
- 991000157479706306